MESTRE LEOPOLDINA (Demerval
Lopes de Lacerda ) começou a aprender capoeira aos 18 anos, com o Quinzinho, um
jovem malandro carioca, valente, temido e respeitado na região da Central do
Brasil (RJ).
Um ano depois, Quinzinho foi preso
e assassinado na prisão. Leopoldina sumiu por uns tempos, e treinava sozinho,
até que soube que Valdemar Santana, lutador bastante conhecido na época,
trouxera da Bahia um capoeirista de nome Artur Emídio.
Leopoldina foi apresentado a
Artur, que o convidou para jogar. "Fui lá, meio envergonhado, e fiz aquilo
que o finado Quinzinho tinha me ensinado. No começo a coisa correu bem, mas aos
poucos Artur começou a crescer, e era pernada por tudo que era lado, e percebi
que ele era mais fera ainda que o Quinzinho".
Foi assim que Leopoldina, aprendiz
da capoeira carioca, foi apresentado à capoeira baiana. Leopoldina continuou
aprendendo com Mestre Artur Emídio, e hoje é Mestre consagrado, muito
respeitado, tanto por seu jogo quanto pela habilidade com o berimbau, e por
suas composições, admiradas e cantadas em todo o Brasil.
É uma das maiores expressões da
capoeira antiga, cheia de malandragem e mandinga. É dono de uma simpatia e um
carisma enormes, e já cunhou frases pitorescas do repertório da capoeira, como
esta, que nos foi revelada uma vez em Guaratinguetá: "a capoeira é a
maçonaria da malandragem!". Viaja muito para a Europa e EUA,
apresentando-se a convite dos mestres que ensinam no exterior.
Mestre Leopoldina se foi. Partiu
em 17 de outubro, em São José dos Campos, São Paulo.
Figura histórica da capoeira,
preto retinto em seu terno branco, elegância pura. O próprio malandro carioca,
com senha e cartão magnético abrindo portas do cais do porto à Cidade de Deus,
de Santa Tereza ao Baixo Gávea.
Foi aluno dos mestres Quinzinho e
Artur Emídio. Dizia ter sido contramestre de Zumbi no Quilombo dos Palmares,
amante da princesa Isabel e chefe da guarda negra. Alguém desmente?
Aquela armada puladinha, aquele
olhar pro outro lado... ele fazia a graça, mas você é que era o brinquedo dele.
Acervo do Mestre Meinha (Mestre Meinha e Mestre Leopoldina) |
Como disse o amigo Braun: "O
Cais Dourado de Aruanda deve estar em festa até hoje, com ele jogando daquele
jeito engraçado e cheio de malícia, todo na beca, com aquela gingada, saindo de
rolê, parando em pé, olhando pro lado e soltando a benção, lembra?"
Claro. Nunca duvidei de que fosse
eterno.
Este saudoso Mestre esteve em nossa cidade na década de 80 por intermédio do carismático Mestre Meinha do qual faz questão de relatar com apreço o feito, onde nosso ilustre Coronel Militão os recebeu com grande estima.
Recentemente, um documentário foi
feito com o título : "Mestre Leopoldinha tem fina flor da
malandragem"
Assista o trailer abaixo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário